CHILE

BEM-VINDO
AO CHILE!!!

O Chile é um país de território comprido e estreito que se estende pelo extremo oeste da América do Sul, com mais de 6.000 km de litoral ao longo do Oceano Pacífico. Santiago, sua capital, fica localizada em um vale cercado pelos Andes e pelas montanhas da Cordilheira da Costa do Pacífico Sul. Nessa cidade, a Plaza de Armas, repleta de palmeiras, abriga a catedral neoclássica e o Museu de História Nacional. O imenso Parque Metropolitano tem piscinas, um jardim botânico e um zoológico.

ATACAMA

Belezas naturais fazem do Atacama, extensa área desértica no Chile, um oásis impressionante. O norte do Chile é realmente um lugar de extremos. É a região mais árida do planeta, com o deserto de maior altitude localizado a 2.440 metros, onde as águas das chuvas não passam de 35 milímetros por ano e o solo impermeável lhe garante um aspecto comparado ao de Marte. A extensa área desértica entre as águas frias do Pacífico e as monumentais cordilheiras dos Andes é o local onde o viajante que busca experiências singulares encontra refúgio sem ter que abrir mão de serviços básicos.

Esse esconderijo se chama São Pedro de Atacama, pequeno povoado que serve como base para a exploração da região. Esta cidade, que ainda guarda costumes dos povos pré-incaicos que deixaram marcas profundas em seu território, era apenas uma localidade escondida do norte do país que mal recebia visitantes estrangeiros. Hoje é um produto chileno consolidado no mercado turístico internacional ao lado de Torres del Paine e Ilha de Páscoa. Mesmo com tanta fama, a cidade ainda preserva seu ritmo particular, que permite ao visitante um passeio, a passos lentos, por suas ruas estreitas de terra e casas de adobe com telhados de palha.

O clima pacato só é quebrado por alguma festa típica do povoado, como o desfile de Santa Rosa em agosto, ou pelas músicas folclóricas tocadas nas peñas da Caracoles, a principal via de circulação. O Atacama, que na língua cunza significa “cabeceira do país”, é marcado historicamente por disputas e dominações anteriores à chegada dos espanhóis. No ano 400 d.C., a sociedade tiwanaku, proveniente do território onde hoje se encontra a Bolívia, impõe-se hierarquicamente sobre o povo atacamenho. O período seguinte (entre os anos 900 e 1450) foi marcado pelo rompimento com aquela civilização e pelos novos conflitos sociais internos.

Foi nesse contexto que os incas dominaram a região do Atacama até que fossem dizimados com a chegada dos europeus, em 1535. Há três formas de se conhecer a região: a tradicional, em que as agências oferecem o mais básico do Atacama como os Vales da Lua e da Morte, além dos gêiseres de El Tatio; o roteiro alternativo, em que as margens do deserto ganham novas dimensões em rotas pouco divulgadas com visitas a petróglifos, povoados de um só habitante e cânions em vales multicoloridos; e a terceira opção, que alia um pouco de cada um dos dois roteiros anteriores.

Seja qual for a escolha, uma imagem será inevitável: o Licancabur, imponente vulcão cônico de 5.916 metros de altura que separa o Chile e a Bolívia. Quanto mais longe se vai, mais se vê esse vulcão onipresente entre os recortes das rochas gigantes que cercam a região. A montanha é local sagrado desde épocas anteriores à chegada dos colonizadores, quando ali se realizavam sacrifícios com animais. A prática foi proibida pelos espanhóis, mas o vulcão continua atraindo aventureiros até a lagoa que se localiza no seu cume, além de devotos que uma vez ao ano levam oferendas à Pacha Mama pelo que se conquistou naquele período.

É certo que a escalada de oito horas se dá pela Bolívia devido ao terreno ainda minado da época em que o Chile e a Argentina disputavam terras, mas para o Licancabur não existe fronteiras nem guerras. Por isso, ele segue soberano guardando a região. E ainda dizem que o oásis é pura ilusão. Não no deserto do Atacama.

CARRETERA AUSTRAL

Percurso pela chilena Carretera Austral revela reservas de vida e de aventura. A diversidade geográfica do continente americano é responsável pela criação de estradas que chegam a ganhar mais fama como produto turístico do que as próprias atrações a que dão acesso. Nos EUA, a lendária Route 66; na Argentina, a Ruta 40 conta com 5.000 km entre La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, e Rio Gallegos, na boca da Terra do Fogo; enquanto no Brasil, aventureiros seguem viagem por rodovias como a Transpantaneira e Transamazônica.

No extremo sul do Chile não foi diferente. A Carretera Austral, uma via de 1.240 km que une a Região dos Lagos ao mais longínquo da Patagônia chilena, é um dos maiores orgulhos nacionais da engenheira e sonho de consumo de viajantes, sejam esportistas, mochileiros ou grupos da Terceira Idade. Até a metade da década de 70, a região de Aysén, onde se localiza a famosa estrada, esteve isolada do resto do país e guardava para si um cenário inóspito de clima rigoroso formado por fiordes e canais, reservas naturais e imensos bosques nativos que dividiam espaço com glaciais. Hoje, a paisagem mudou pouco, mas a aventura começa a ganhar investimentos que já permitem percorrer o trajeto com uma estrutura mínima de opções de hospedagem e de agências locais para os atrativos mais distantes.

Por conta dos eventos do bicentenário da independência chilena, comemorado em 2010, a estrada foi asfaltada em regiões como Puyuhuapi e se somará a outros trechos da estrada que, em alguns setores, é orgulho nacional devido às construções arrojadas que interagem com a dura natureza local. Mas em se tratando de Carretera Austral, “mínimo” já é o máximo e não espere mais do que isso. Alguns trechos da estrada ainda têm condições precárias de circulação, os horários de ônibus são reduzidos e muitas das atrações relacionadas com o “produto” só podem ser visitados de carro ou acompanhado de guias locais.

Mas como tudo o que é mais difícil é melhor, você logo perceberá que valerá a pena o esforço após cada quilômetro rodado. Aysén está no norte da Patagônia chilena e caracteriza-se pelo contraste de paisagens agrestes, que ora são invadidas por bosques localizados em áreas preservadas, ora substituídas por imensos glaciais e canais patagônicos. Não é à toa que a região é considerada Reserva de Vida. De vida aventureira, inclusive.

ILHA DE PÁSCOA

Ilha de Páscoa, museu a céu aberto em pleno Pacífico Sul, é o lugar mais distante do planeta. Essa ilha está a 27°09′ de latitude sul e a 109°26′ de longitude oeste. Isso significa dizer que você está sobre o solo mais distante de qualquer lugar povoado do planeta, em pleno Oceano Pacífico, a 4.100 km do Taiti e a longos 3.700 km da costa da América do Sul. Ela está longe, mas não está sozinha.

A Ilha de Páscoa, cujo nome é uma referência ao domingo de Páscoa de 1722, em que foi (re)descoberta por navios ocidentais, é uma das três extremidades de um triângulo imaginário formado pela Nova Zelândia e pelo Havaí, ilhas localizadas na chamada Oceania Remota. Mais do que formar uma imensa área de milhões de quilômetros quadrados, esse conjunto de territórios distantes tem em comum a mesma origem polinésia e um certo gosto por histórias intrigantes. E é ali, em Te Pito o Te Henua (no “umbigo do mundo”, em língua rapa nui), que viajantes de bom gosto encontram os melhores e mais distantes mistérios de uma gente que decidiu ir longe para fincar, entre tantos outros enigmas, estátuas gigantes que parecem reverenciar seus criadores rapa nui.

Não há dúvidas de que essas belas esculturas feitas com rochas vulcânicas são o cartão postal mais divulgado de Páscoa. No entanto, as opções de atrações são tão variadas quanto os questionamentos formulados sobre essa pequena ilha de quase 170 km². As descobertas vão além dos olhares distantes dos moais. A ilha é o topo de uma imensa cadeia rochosa que teria se formado há uns 3 milhões de anos e que se esconde a 3 mil metros no fundo do mar. Foi a partir de grandes explosões vulcânicas que surgiram lugares de beleza rara, em todo o mundo, como os vulcões Rano Kau e Rano Raraku.

É tanta energia concentrada em um pedaço tão pequeno de terra que até os polinésios vindos de rincões distantes escolheram aqueles lugares para seguirem seus rituais espirituais. E para apreciar esse cenário o esforço é mínimo, já que o ponto mais alto da ilha tem apenas 511 metros. Difícil mesmo é entender tanto mistério. Sob aquelas pontas rochosas que um dia foram o berço de lavas quentes se escondem outro mistério de Páscoa: as cavernas subterrâneas interligadas por escuros e largos corredores naturais formados pela passagem, há milhões de anos, daqueles trabalhos vulcânicos. A princípio, entrar em uma delas pode parecer uma idéia amalucada de algum guia irresponsável.

Mas quando os primeiros metros são ultrapassados, abrem-se amplos salões de pedras com janelões naturais com uma vista única do Pacífico. A população rapa nui, que havia se multiplicado logo após a chegada dos primeiros habitantes na ilha, foi vítima de uma intensa escassez de alimentos em uma superfície com recursos limitados, dando origem a disputas internas que obrigaram muitos daqueles homens a se esconderem no interior dessas cavernas. E quem acaba ganhando nessa guerra é o visitante, que adiciona mais uma história no seu diário de bordo.

Bela e radical, Pucón exige fôlego dos viajantes que visitam a Região das Araucanías, no Chile. Uma visita a Pucón, cidade chilena localizada em uma área de transição entre araucárias e o chuvoso bosque valdiviano, não só faz bem para os olhos, mas também para todo o resto do corpo. A intensa programação começa às margens do Lago Villarrica, ainda em área urbana, e vai aumentando o nível de adrenalina da viagem de acordo com a disposição dos viajantes que escolhem um dos destinos turísticos mais novos do Chile, a 785 km de Santiago.

Caminhadas em dois parques nacionais, descidas em botes por corredeiras de nível 4, quedas livres nas águas agitadas dos Saltos de Marimán, pistas nevadas para a prática de esqui e snowboard, e uma forte escalada ao topo do vulcão símbolo da região, com quase três mil metros de altura e dono de uma cratera vulcânica que não se cansa de trabalhar até hoje. Haja fôlego para dar conta de tantas opções radicais. Mas para os corpos cansados, a paisagem natural do destino reserva também águas quentes que correm entre rochas e alimentam piscinas das diversas termas espalhadas nos arredores de um dos centros turísticos chilenos mais importantes.

PUCÓN

Bela e radical, Pucón exige fôlego dos viajantes que visitam a Região das Araucanías, no Chile. Uma visita a Pucón, cidade chilena localizada em uma área de transição entre araucárias e o chuvoso bosque valdiviano, não só faz bem para os olhos, mas também para todo o resto do corpo. A intensa programação começa às margens do Lago Villarrica, ainda em área urbana, e vai aumentando o nível de adrenalina da viagem de acordo com a disposição dos viajantes que escolhem um dos destinos turísticos mais novos do Chile, a 785 km de Santiago.

Caminhadas em dois parques nacionais, descidas em botes por corredeiras de nível 4, quedas livres nas águas agitadas dos Saltos de Marimán, pistas nevadas para a prática de esqui e snowboard, e uma forte escalada ao topo do vulcão símbolo da região, com quase três mil metros de altura e dono de uma cratera vulcânica que não se cansa de trabalhar até hoje. Haja fôlego para dar conta de tantas opções radicais. Mas para os corpos cansados, a paisagem natural do destino reserva também águas quentes que correm entre rochas e alimentam piscinas das diversas termas espalhadas nos arredores de um dos centros turísticos chilenos mais importantes.

Não é mesmo fácil acompanhar a velocidade de Pucón. Não só pelo ritmo alucinante dos principais atrativos, mas também pela rapidez com que os serviços se renovam, anualmente. Engana-se quem acredita que Pucón funciona apenas durante os meses de verão. O cenário natural da região das Araucanías, a 570 km de Santiago, tem uma superfície de mais de 30 mil km² e é formada por uma geografia abundante em araucárias, lagos e montanhas. Esse setor turístico compreende centros urbanos famosos como Lican Ray, Villarrica e Pucón. Essa última, cujas origens começam com o assentamento de militares no local, no final do século 19, surgiu como opção turística, na década de 1940, com a inauguração do clássico Gran Hotel Pucón.

Porém, só assumiu a forma atual, em 2004, quando agências de turismo se instalaram na região para explorar atrativos como o vulcão Villarrica, as águas termas abundantes e as atividades em águas brancas, como os rios locais. E não parou até hoje. No entanto, a variedade e a concorrência acirrada entre agências de turismo ainda não conseguiram evitar um dos principais obstáculos para os bolsos mais apertados: os altos preços praticados, sobretudo, nos hotéis e restaurantes das ruas centrais da cidade que acabam afastando os visitantes menos dispostos a pagar até três vezes mais por serviços básicos como transporte.

Talvez seja por isso que a vizinha Villarrica começa a aproveitar a brecha e anda abocanhando viajantes que procuram opções com preços justos. O roteiro também inclui belas imagens do lago e do vulcão que deram nome à cidade, e ainda é capaz de surpreender com novos cenários como os encontrados em Lincan Ray, balneário localizado na cidade de mesmo nome, a 25 km dali. Tranquila ou radical, superfaturada ou não, a região das araucárias é, naturalmente, para todos.

PUERTO MONTT E PUERTO VARAS

Puerto Montt e Puerto Varas, uma região de lagos, vulcões e contrastes. Puerto Montt e Puerto Varas, cidades chilenas localizadas na Décima Região, são tão diferentes que nem parecem vizinhas separadas por 20 km. A primeira é a capital da Região dos Lagos e ponto de chegada de cargueiros e cruzeiros vindos de terras austrais; a segunda é pretexto para entender a origem do nome da região. Montt abriga um dos portos chilenos mais movimentados do país, enquanto Varas observa, sem pressa, o vai e vem tranquilo de barcos e botes que deslizam as águas azuladas que tocam suave as margens da cidade.

Uma está em frente ao Seno de Reloncaví, protegida pela Ilha Tenglo; a outra descansa com vistas para o Llanquihue. A capital tenta ser moderna, mas as madeiras de alerce sobrepostas não deixam a cidade esquecer seu passado, uma mistura arquitetônica europeia que se integra, harmoniosamente, com o estilo emprestado do arquipélago de Chiloé; já a vizinha é tradicional e se orgulha das marcas deixadas pelos imigrantes alemães que a ergueram, a partir de 1852. Puerto Montt é rascunho, pelo menos para o turista que busca sossego durante as férias; Puerto Varas é poesia, sobretudo quando se enche de flores, nos meses da primavera, o que lhe garante o título de “Cidade das Rosas”.

No entanto, o Osorno, vulcão que pode ser visto de ambas as cidades, é o símbolo natural que parece conectar dois dos destinos mais visitados no país, em plena Patagônia chilena. Seja do topo de seus 2.661 metros de altura ou aos pés desse vulcão adormecido que repousa durante anos, as diferenças entre Montt e Varas desaparecem quando as águas calmas dos lagos que dão nome à região formam um belo espelho que emoldura as cidades. Os opostos não só se atraem como também convidam visitantes a conhecerem os contrastes de um dos mais bem escritos poemas chilenos: a Região dos Lagos.

SANTIAGO

Emoldurada pela cordilheira, Santiago encanta pela beleza e tranquilidade. É comum escutar os chilenos se referirem ao próprio país como “Chile lindo”. Falam assim, como se o adjetivo fosse parte integrante do nome oficial. Tudo bem, considerando-se o que se vê na capital, pode-se dizer que eles têm esse direito de se esquivar levemente da modéstia. Santiago é uma cidade organizada que claramente cresceu sem abandonar o planejamento.

Tem avenidas e ruas bastante arborizadas, contornadas por calçadas largas e bem cuidadas e é cheia de grandes parques e praças por todos os cantos. E com um detalhe que faz toda a diferença: uma invejável vista para a cordilheira dos Andes. A gigantesca cadeia de montanhas, avermelhada no verão e decorada de branco no inverno pode ser vista de quase todas as regiões da cidade. Assim, ilustrando o horizonte, forma um cenário privilegiado para uma metrópole de seis milhões de habitantes. Santiago é um exemplo de como uma grande capital não é necessariamente caótica e cinza.

A cidade foi construída quase toda em aéreas planas – o que faz bastante diferença – e preservou dois grandes morros que ficam encravados em meio às construções. O primeiro deles, o cerro Santa Lucía, fica bem no centro urbano. A história conta que desse lugar o descobridor espanhol Pedro de Valdívia fundou Santiago. Mas não é só esse detalhe que faz do Santa Lucía um ponto turístico. No topo do cerro, depois de muitos degraus de subida, está uma das melhores vistas da cidade. O melhor mirante, no entanto, está no segundo desses morros: o San Cristóbal, bem mais alto e extenso.

Dali é possível ver todas as regiões da cidade e ter a noção exata de como ela cresceu aos pés da cordilheira dos Andes. É também onde está o zoológico e uma grande piscina pública que abre no verão, quando a temperatura passa dos 30ºC. Mas não é na época quente do ano que Santiago recebe a maioria dos turistas – ainda que, no calor, a cidade fique bastante agradável para acolher visitantes em seus bares, cafés e restaurantes com mesas ao ar livre. É no inverno o maior fluxo de gente por uma simples razão que atrai principalmente os brasileiros: a neve. Não que ela caía diretamente sobre Santiago. Mas bem próximo dali, a cerca de 1h de viagem, estão três dos principais centros de esqui do Chile, que são Valle Nevado, El Colorado e Farellones. Muita gente hospedada na capital faz bate e volta nas estações para passar o dia.

VALPARAÍSO

Principal porto do país e cercada por morros, Valparaíso tem elevadores centenários e espírito boêmio. Uma cidade portuária com casas coloridas e rodeada por 45 cerros (morros), cada um com sua visão particular do Oceano Pacífico. Assim é Valparaíso, patrimônio cultural da humanidade –aquele velho título da Unesco para cidades charmosas e com história nas fachadas de suas casas. Seus elevadores centenários, que facilitam a subida em alguns desses morros, suas construções antigas e o espírito alegre e boêmio de seu povo encantam qualquer turista.

Suas ruas, estreitas e cheias de beleza, são um convite para andar sem preocupação, sempre com uma câmera em punho para registrar o colorido da cidade. As vocações para pesca e atividades portuárias fazem de Valparaíso a capital da 5ª Região –que corresponde aos Estados brasileiros. Está 118 km a noroeste de Santiago. Não consta uma data oficial de fundação da cidade, mas acredita-se que tenha sido descoberta pelo explorador espanhol Juan de Saavedra em 1536. De uma cidade com população inexpressiva no período colonial, Valparaíso chegou a 300 mil habitantes e se tornou o principal porto do país.

Sem contrastar com edifícios modernos –praticamente inexistentes–, as construções em estilo neoclássico e art noveau conferem a Valparaíso uma aparência de cidade do século 19. Algumas dessas construções estão em péssimo estado de conservação –o Mercado Puerto é um exemplo–, mas nem por isso perdem seu charme. O turista tem a impressão de estar em outra época. Os “ascensores” – espécie de elevadores que levam os transeuntes para os muitos cerros – conferem este clima de cidade de época, sem dúvida uma característica particular do local. A cidade conta com monumentos dedicados aos heróis da guerra do Pacífico, entre Chile e Peru, que tinha a Bolívia como aliada, no século 19.

A Plaza Sotomayor reúne, além do belíssimo prédio da Armada de Chile, o Monumento a los Héroes de Iquique (batalha final da guerra). Há ainda o Museo Naval y Marítimo no Cerro Artillería, que demonstra que o tom ufanista ainda persiste quando se trata de relembrar assuntos relacionados à fronteira com seus vizinhos. É também sede do Congresso Nacional do país desde 1980. A cidade também apresenta novidades na parte da orla marítima, com pontos revitalizados. Trata-se do Paseo Wheel Wright –uma espécie de calçadão com ciclovia e pequenos diques funcionando como mirantes para transeuntes– e o Muelle Barón, espaço novo de lazer e descanso em Valparaíso, com direito a mais um mirante da cidade, só que na parte plana.

Ali perto há ainda o Mercado Cardonal, belo por fora e por dentro. O local abastece a cidade de frutas, verduras, carnes, pescados e outras iguarias locais. É também ponto de gastronomia por servir pratos de mariscos, culinária bastante comum por lá. A pouco menos de 100 km de Valparaíso, há ainda a praia de Isla Negra, onde fica uma das famosas casas do poeta chileno e prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda (1904-1973). Além de estar fora da cidade, a casa talvez seja a que mais simboliza o imaginário do escritor por conta da quantidade de objetos dele depositados ali. Se você tiver tempo e for verão, vá à praia em frente à casa após a visita.

Sinta um pouco da água gelada do pacífico e o barulho das ondas do mar soar nas rochas negras que ficam na beira. Valparaíso reúne muitos universitários, o que explica um pouco o seu clima boêmio e a sua efervescência cultural. Discotecas e bares se espalham pela parte mais antiga da cidade, principalmente nas calles Blanco, Errázuriz e na subida Ecuador. O Museo al Cielo Abierto e La Sebastiana –casa de Neruda em um dos pontos mais privilegiados da cidade– talvez sejam os locais que traduzem de forma mais poética Valparaíso, que parece ter um ar de cidade latina à beira do mediterrâneo. Sim, o clima lá é mediterrânico: a oscilação de temperatura na cidade durante o ano é alta.

No verão, oscila entre 12°C e 30°C; no inverno, de 5°C a 15°C. No entanto, os ventos em Valparaíso são fortes e frios. Leve agasalho em qualquer parte do ano. Passear por suas ruelas, observar seus grafites nos muros e paredes antigas e reparar no ritmo caótico de suas casas e de seu trânsito talvez sejam as melhores formas de traduzir a poesia desta cidade portuária.

VINÃ DEL MAR

Bem preparada para receber visitantes, Viña del Mar é o principal destino de verão no litoral do Chile. Principal destino de veranistas no litoral do Chile e conhecida como “La Ciudad Jardín”, Viña del Mar é o típico exemplo de um município que vive do turismo. O visitante vai encontrar toda uma infra-estrutura de hotelaria e gastronomia e uma cidade planejada, com um patrimônio arquitetônico e histórico bem cuidado ao lado de edifícios modernos de sua orla. Com cerca de 330 mil habitantes e a 119 km de Santiago, Viña possui diversos atrativos, tanto para os chilenos como para os visitantes estrangeiros.

A começar pelas áreas de praia (são 3,5km, além das que ficam fora da cidade), motivo de grande movimentação durante o verão. Por conta da vocação turística da cidade, diversos atrativos foram criados para atrair os visitantes, com destaque para o Festival de La Canción, que acontece em fevereiro, e o Festival de Cine de Viña del Mar, em outubro. Apesar das águas geladas do Pacífico, o clima de balneário está presente na cidade durante todo o ano. A temperatura varia em média de 10ºC a 22ºC no verão, mas não será difícil encontrar dias ensolarados, com a temperatura chegando aos 30ºC. Nessa época, a cidade fica lotada de turistas, por isso é sempre bom fazer reservas antecipadas.

No entanto, o inverno é bem rigoroso, com temperaturas que oscilam de 2º a 8ºC. A praia mais conhecida da cidade é Reñaca. Sua principal característica são seus edifícios em forma de degrau, dando um charme exclusivo à sua orla. O local tem uma grande diversidade hoteleira (inclusive aluguel de apartamentos para temporadas) e gastronômica. Há ainda as praias Salinas, Acapulco e Del Sol. Reserve alguns momentos para dar uma volta pela estruturada orla. Certamente o viajante vai encontrar surpresas, como o Muelle Vergara, antigo píer onde descarregavam mercadorias no passado, ou as feiras de artesanato.

No entanto, as praias para veraneio não terminam com o fim do município. Todo o litoral norte de Viña possui cidades praieiras com infra-estrutura para turismo, cada uma com suas particularidades. Viña foi fundada em 1878 pelo engenheiro e político José Francisco Vergara, proprietário das duas fazendas existentes ali e que fazem parte da história da cidade. A primeira delas, Viña del Mar, ficava ao norte do estuário que hoje divide o balneário: o Marga Marga. Ao sul do rio, localizava-se Las Siete Hermanas, que compreendia terras até o Cerro Barón, em Valparaíso. O terremoto de 1906 deixou a portuária Valparaíso no chão e, com isso, diversas famílias se mudaram para o balneário, distante apenas 9km.

O crescimento da cidade de forma planejada é algo notório. Ao sul do rio Marga Marga, encontra-se o centro da cidade com arquitetura e espaços urbanos mais antigos -como a região dos castelos, a igreja principal e a Plaza José Francisco Vergara, ponto central. Ao seu lado, fica o Teatro Municipal e, a algumas quadras, o parque Quinta Vergara. A parte mais moderna da cidade, formada por uma zona mais residencial, fica ao norte do estuário e suas ruas e quadras são planejadas de acordo com a avenida-artéria Libertad, que corta de norte a sul a região: as ruas paralelas à avenida Libertad a oeste (ou seja, em direção ao mar) são chamadas de Poniente 1, 2, 3 etc.

As que ficam a leste da avenida, são chamadas de Oriente 1, 2, 3, etc. E as que cruzam a avenida são chamadas de Norte 1, 2, 3… “Ciudad Jardín” Logo na entrada de Viña del Mar, percebe-se sua vocação para plantas e jardins floridos: trata-se do Reloj de Flores, ponto de confluência de turistas, sempre com câmeras em punho. Sem dúvida, é um dos grandes símbolos da cidade. Essa característica marcante rendeu a Viña o apelido de “Ciudad Jardín”. O costume pode ser observado no Jardim Botânico de Viña del Mar, nos passeios pela orla ou nos arredores da cidade. O Parque Nacional La Campana, a 40 km do balneário, foi visitado pelo cientista Charles Darwin e, na ocasião, ele definiu o morro La Campana como uma de suas melhores experiências na América do Sul, devido à diversidade da flora e da fauna do lugar.

Hoje o local tem infra-estrutura para receber visitantes, inclusive com possibilidade de acampar. A melhor época para conhecê-lo é durante a primavera (no inverno, o frio incomoda e, nos verões mais secos, há perigo de incêndio). Apesar de os pacotes de viagem sempre destinarem um dia para conhecer Viña del Mar e Valparaíso, não deixe se levar por esta pouca importância dada a estas cidades tão diferentes em seu caráter e beleza, mas tão próximas em termos geográficos. Reserve tempo para conhecê-las. Vai valer a pena!

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